Hilda Hilst: “respirei teu mundo movediço”
Resumo
RESUMO: Trata-se da leitura do conto “Lázaro”, de Fluxo-floema, cujo estudo funciona como estratégia para apreensão da escrita hilstiana na vertente complicada de suas parábolas, suas alegorias. Mario Perniola, ao estudar o pensamento de Luigi Pareyson (1918-1991), percebe nele uma impossibilidade de dizer o real: “A característica da realidade é a sua inconceitualidade, o seu ser absolutamente independente do pensamento” (PERNIOLA, 2010, 182). Essa dificuldade impõe à linguagem hilstiana uma aproximação do fato por apropriações alegóricas. Decorre desta floresta cerrada que se torna o real, a nosso ver, o caráter de apropriação profanadora do discurso religioso, perpetrada pela escritora. Já que: “Só no interior da experiência religiosa, segundo Pareyson, é possível proceder a uma investigação acerca da incomensurabilidade da existência”. É assim que se chega àquilo que Pareyson chama de “ontologia do inexaurível”,para Hilda Hilst, portanto, uma espécie de gnose do intratável e do inexaurível a partir da passagem bíblica.
PALAVRAS-CHAVE: Alegoria; Hilda Hilst; Ontologia do inexaurível; Profanação.
ABSTRACT: This article analyzes the short-story “Lázaro”, from Fluxo-floema, whose study works as a strategy to apprehend the Hilstian oeuvre in its complicated branch of parables and allegories. Mario Perniola, when studying the thought of Luigi Pareyson (1918-1991), notices in it the impossibility in stating the reality: “The characteristic of reality is its non-conceptuality, its being absolutely independent of thought” (PERNIOLA, 2010, 182). This difficulty imposes to the Hilstian language an approach to the fact by means of allegorical appropriations. From this dense forest that the reality becomes, in our view, emerges the author’s character of profaner appropriation of religious discourse, since: “Only within the religious experience, according to Pareyson, it is possible to start an investigation on the immeasurability of existence”. This is how one reaches that which Pareyson calls the “ontology of the inexorable”, for Hilda Hilst, thus, a kind of gnosis of the inexplicable and inexorable through the biblical passage.
KEYWORDS: Allegory; Hilda Hilst; Ontology of the Inexhaustible; Profanation.
Apontamentos
- Não há apontamentos.