A maldição das palavras e o sujeito dilacerado de Marcelo Mirisola
Resumo
Há uma vertente da literatura contemporânea brasileira que se articula em função de narradores em primeira pessoa que colocam em jogo a problemática do próprio gesto criador, da expressão de uma subjetividade conflitiva, cindida entre o mergulho vertiginoso em si mesma – o que implicaria em uma renúncia ao mundo e ao real, fazendo da obra sua única matéria – e a participação social, não como tomada de consciência, mas como o reconhecimento dos limites e impasses que a representação do real impõe à escritura. Nesse sentido, o presente artigo propõe uma leitura do romance O azul do filho morto (2002), de Marcelo Mirisola, procurando situá-lo no interior da recente produção literária brasileira, bem como pensar sua narrativa a partir da complexa noção de autoria que seu romance põe em circulação, já que este produz uma intrincada imbricação entre o sujeito ficcional e a imagem empírica do próprio escritor, rompendo e confundindo os limites entre o discurso da ficção e a realidade extralinguística que ele evoca, manipula, distorce e instabiliza no processo representacional.
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