Subjetividades urbanas na poesia de Sebastião Uchoa Leite
Resumo
RESUMO: Este artigo tem por objetivo investigar as relações entre subjetividades e espaços urbanos na poesia brasileira contemporânea, mais especificamente na poesia de Sebastião Uchoa Leite. Para tanto, analisa-se os livros A uma incógnita (1991) A ficção vida (1993), A espreita (2000) e A regra secreta (2002), publicações mais recentes desse autor. Nessa poesia, a hipótese é de que a (des)territorialização urbana funciona como um espelho, pois reflete a cidade, o sujeito e a poética em condição abissal, fazendo com que no espaço da cidade diluam-se as fronteiras entre a poesia da modernidade e da contemporaneidade e coabitem subjetividades urbanas de épocas distintas num desfile de passantes (lembrando Ernest T. A. Hoffmann), homens na multidão (lembrando Edgar Allan Poe), de voyeurs e de flâneurs (lembrando Charles Baudelaire), de sujeitos despedaçados na metrópole (lembrando Arthur Rimbaud), convivendo com vampiros, personagens dos quadrinhos, do cinema e com anônimos (Uchoa Leite). Assim, utiliza-se das teorias sobre o urbano que se serve à teoria da literatura, pois se considera que o urbano, na escritura de Sebastião Uchoa Leite, espelha a condição de uma poesia da contemporaneidade que se desdobra de modo a privilegiar a construção de “espaços-entre”.
PALAVRAS-CHAVE: Contemporaneidade; Modernidade; Poesia; Sebastião Uchoa Leite; Subjetividade; Urbano.
ABSTRACT: This article investigates the relationship between subjectivities and urban spaces in contemporary Brazilian poetry, mainly in the poetry of Sebastião Uchoa Leite. To do that, this study analyzes his most recent books: A uma incógnita (1991), A ficção vida (1993), A espreita (2000) and A regra secreta (2002). His poetry is premised on the hypothesis that urban (de)territorialization is a mirror which abysmally reflects the city, the subject and the poetic activity. This causes the space of the city to blur the boundaries between modern and contemporary poetry. Also, in his poetry, urban subjectivities coexist with different eras in a parade of passers-by (to mention Ernest T. A. Hoffmann), of men in the crowd (to cite Edgar Allan Poe), of voyeurs and flâneurs (to refer to Charles Baudelaire), of shattered subjects in the metropolis (to bring up Arthur Rimbaud), all living with vampires, characters from comic books and films, as well as anonymous individuals (Uchoa Leite). Thus, we use the branch of literary theory which focuses on the study of the city to examine Leite’s writing since it reflects the type of contemporary poetry which unfolds into “inbetween spaces”.
KEYWORDS: Contemporaneity; Modernity; Poetry; Sebastião Uchoa Leite; Subjectivities; Urban.
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