Olho d'água, v. 11, n. 1 (2019)

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Um novo retrato do Brasil no romance Quarenta Dias, de Maria Valéria Rezende

Vera Lúcia de Oliveira

Resumo


Maria Valéria Rezende traça em suas obras um retrato desolador da sociedade brasileira, em que o olhar se descola do centro para as margens, colhendo fronteiras e periferias. No romance Quarenta dias (2015) deparamo-nos com uma narradora que vaga por ruas e becos de uma Porto Alegre quase irreconhecível, onde circula uma humanidade marginalizada e excluída. O espaço urbano é representado em toda a sua complexidade, pela voz de uma mulher de meia idade, em crise e em ruptura com seu universo. Tentarei analisar aqui, a partir de conceitos como modernização, globalização, excedente e exclusão, aplicados às economias de mercado, mas redefinidos por Z. Bauman em seus livros, o modo em que a protagonista do romance delineia com precisão uma imagem inédita do Brasil, viajando em profundidade por uma das capitais mais ricas do país.

 

Maria Valéria Rezende outlines in her works a desolate portrait of Brazilian society, in which the regard takes off from the center to the rows, picking up borders and peripheries. In the novel Quarenta dias (2015) we find a narrator who wanders through the streets and alleys of an almost unrecognizable Porto Alegre, where a marginalized and excluded humanity circulates. The urban space is represented in all its complexity, by the voice of a middle-aged woman, in crisis and in rupture with her universe. I will try to examine here, based on concepts such as modernization, globalization, surplus and exclusion, applied to the market economies, but redefined by Z. Bauman in his works, the way in which the protagonist of the novel accurately delineates an unprecedented image of Brazil, traveling in depth through one of the richest capitals of the country.


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