Olho d'água, v. 12, n. 1 (2020)

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A fuga como resistência e busca por novos horizontes em Onde acaba o mapa, de Carol Rodrigues

Flávio Adriano Nantes

Resumo


O presente trabalho trata de uma leitura de um dos contos que compõe o livro Sem

vista para o mar, de Carol Rodrigues. Busco uma reflexão acerca do conto “Onde acaba o mapa”, mais precisamente da prática dos afetos homossexuais por parte da personagem central, o “menino jurado”. Este é nomeado desta forma (ou “menino de mentira”) por ser visto, numa espécie de flagrante (por “meninos de verdade”), beijando outro “menino de mentira” no muro atrás da escola. Prática que lhe ocasiona um juramento de morte e, por isso, precisa fugir numa longa viagem pelo

rio-mar. Proponho pensar o conto de Rodrigues por meio da metáfora do armário, i.e, quais as reações sociais pelas quais passa um sujeito que sai involuntariamente ou opta (de forma deliberada) pela saída do armário. Ademais, quero refletir onde estão ancoradas as justificativas sociais que expliquem aquelas reações, se existem territórios específicos para a prática da LGBTfobia, ou se há lugares mais progressistas e democráticos. Quero pensar essas questões sem deixar de ter em conta o cuidadoso trabalho com as palavras empreendido por Carol Rodrigues neste livro que recebeu, entre outros, o Prêmio Jabuti, na categoria contos e crônicas, na edição de 2015.

 

The present work deals with the reading of one of the short stories that make up the book Sem vista para o mar, by Carol Rodrigues. I seek a reflection on the short story “Onde acaba o mapa”, more precisely on the practice of homosexual affections by the main character, the “boy wanted dead”. He is defined as such (or as a “non-real boy”) for being somewhat caught red handed (by “real boys”) kissing another “non-real boy” behind the school wall. That practice causes his life to be threatened and, therefore, he needs to flee on a long journey by the river-sea. I propose to think Rodrigues' story through the closet metaphor, i.e., what are the social reactions that an individual who came out involuntarily or chose (in deliberate way) to do so. Furthermore, I want to ponder where the social justifications that explain those reactions are anchored, and if there are specific territories for the practice of LGBTphobia or if there are more progressive and democratic places. I want to think about these issues while taking into account the careful work with the words undertaken by Carol Rodrigues in this book that received, among others, the Jabuti Award, in the short stories and chronicles category, in the 2015 edition.


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