RESUMO: Este ensaio propõe-se a analisar o testemunho sobre a luta clandestina contra a ditadura militar no Brasil construído no livro Batismo de sangue, de Frei Betto. Para tanto, por um lado, busca-se a compreensão de uma obra que pode ser lida como a recordação pessoal do próprio trauma e do de terceiros, imersa na narrativa coletiva dos militantes revolucionários, como uma reconstrução comunitária em que o elemento pessoal se dissolve e se confunde com o grupal; e, por outro, tenta-se decifrar as camadas narratológicas utilizadas pelo autor para a composição do relato confessional de uma geração.

ABSTRACT: This essay aims to analyze the testimony about the clandestine struggle against the military dictatorship in Brazil as built in the book Baptism of blood, by Frei Betto. For this, on the one hand, we seek to understand a work that can be read as a personal recollection of one’s own trauma and also as that of others, immersed in the collective narrative of revolutionary militants, as a community reconstruction in which the personal and the collective elements intertwine; and, on the other hand, we try to decipher the narratological layers used by the author to compose the confessional account of a generation.