A vasta obra de Camilo Castelo Branco é quase sempre dividida entre duas categorias: as novelas passionais e as satíricas. Pertencente à segunda, o livro Eusébio Macário (1879) propõe um arrojado diálogo paródico com o Naturalismo, movimento literário que emergia contemporâneo ao escritor. Estabelecendo um diálogo crítico com a nova corrente, Camilo tensiona, através da paródia e do exagero, questões caras ao Naturalismo, tais como o cientificismo, a animalização e a crítica à corrupção, ridicularizando-as, sobretudo, na figura do protagonista, que dá título à obra. Assim, procura-se explorar como, a partir desse elemento satírico, cria-se um mundo carnavalizado, sem hierarquias, e arquitetado para abrigar personagens que encarnavam o ridículo e a crítica à nova estética.

https://doi.org/10.29327/2193714.15.1-4