Olho d'água, v. 2, n. 1 (2010)

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O “COCHO DA MUNICIPALIDADE”: UMA ANÁLISE DO ROMANCE FOGO MORTO, DE JOSÉ LINS DO REGO

Esequiel Gomes da Silva

Resumo


Publicado em 1943, Fogo morto é um romance que, segundo José Aderaldo Castello, sintetiza todo o trabalho anterior de José Lins do Rego. No livro em questão, o autor internalizou um período importante da história política brasileira: o enredo se ambienta nos anos de 1911/1912, durante a república oligarca, período no qual os coronéis mantinham o controle do processo eleitoral. Os sinais de mudança só começariam a aparecer com a eleição de Hermes da Fonseca para presidente da república, em 1910, quando se implementou a chamada “política das salvações”. No mundo ficcional criado por José Lins do Rego, há três grandes personagens, – coronel Lula de Holanda, José Amaro e Vitorino Carneiro da Cunha, – que representam três tipos de discursos: dos “grandiosos”, dos “sombrios” e dos “quixotescos” e que se relacionam de forma bastante tensa nesse ambiente de agitação política. Momento de sucessão do governo estadual, em que os coronéis, chefes de partidos políticos, organizavam seus “currais eleitorais” para garantir a vitória do candidato que apoiavam. Feitas essas observações, com esse estudo, nosso interesse é analisar o modo pelo qual o romancista configurou a questão do voto de cabresto no interior desse romance. Melhor dizendo, como um fator externo – o momento da história política do país – se tornou interno, nas palavras de Antonio Candido.

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