Cultura de massa na ficção contemporânea
Resumo
Colocada na condição de produto da indústria cultural, a obra literária está vinculada ao mercado editorial. Isso deve ser levado em consideração, entretanto essa condição não implica uma inserção direta no consumo de massa - fato que se verifica com uma parte, provavelmente numerosa, mas não muito significativa, da produção literária. Apesar da distância que há, e que precisa ser mantida, entre a indústria cultural e cultura de massa no que se refere à produção literária, essa característica não garante que não haja uma interferência no campo literário. Essa interferência é observável em, pelo menos, três níveis. No nível da produção, há uma predisposição de uma boa parte de escritores contemporâneos de ficção para se tornarem consultores ou, mesmo, roteiristas de versões de suas obras para outras mídias. Em um segundo nível, o do texto, as interferências manifestam-se por meio de idéias ou recursos que trazem uma outra forma de perceber a materialidade ou a visualidade da narrativa. Ambos, a fragmentariedade textual, com rupturas na sintaxe ou mudanças freqüentes no ponto de vista, e um ritmo cinematográfico, marcado por elipses, fazem parte desta contaminação entre linguagens, entre narrativa escrita e narrativa visual e/ou auditiva. Além disso, existe hoje em dia uma série de temas, nos conteúdos narrados, em que as personagens reproduzem episódios e ações capazes de revelarem o quanto a sociedade de consumo de massa preenche a atmosfera na qual elas estão inseridas, e orienta grande parte de suas reações e expectativas. O presente trabalho pretende discutir como os três níveis mencionados se manifestam em narrativas ficcionais do México, escritas por José Agustín, e do Brasil, escritas por Clarice Lispector.
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