Entre-lugares na poética de Carolina Maria de Jesus
Resumo
Carolina Maria de Jesus foi uma catadora de lixo na cidade de São Paulo que nos anos de 1960 conseguiu publicar seu livro intitulado Quarto de despejo. O sucesso editorial marcou este acontecimento, no entanto após o auge de sua presença na imprensa ocorre o esquecimento dessa “poeta do lixo”. Diante de seu texto, podemos nos lançar a uma série de dúvidas que percorrem as construções literárias produzidas pelos brasileiros. Nesse caso, notamos uma constante de tensões produzidas por variações de discursos que cedem forma à sua experiência narrativa, quer dizer, uma série de modelos literários que Carolina procurou imitar a fim de ser reconhecida como escritora. Como sua literatura é marcada por uma mistura de estilos, podemos nos aprofundar em sua escritura para descobrir os momentos em que seu narrador se aproxima de uma literatura maior, ou seja, tradicional, especializada e “bem comunicada” ao gosto da cultura ocidental, e os instantes em que uma literatura menor surge com os intempestivos criativos produzidos pelo uso menor que faz da linguagem. Sua narração é capaz de ativar uma linha de fuga em relação às literaturas canonizadas, nisso consiste sua força inventiva e a caracterização de um tipo de composição artística comum a países de formações culturais híbridas.
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